segunda-feira, 25 de abril de 2011

Nossa Gente, Nosso Orgulho! Mário Junqueira Ferraz

     O professor Mário Junqueira Ferraz nasceu em Cristina, na Fazenda Boa Vista, a 28 de outubro de 1893. Seus pais, Cel. Francisco Dias Ferraz e Teresa Arantes Ferraz, eram faendeiros abastados e conceituados na região. Sua infância decorreu feliz, na Fazenda Pinhal, cuja sede e topografia encontravam pela rara beleza.
     Com apenas sete anos, foi para Silvestre Ferraz, onde estudou no Ginásio São José, em regime de internato. Sua inteligência brilhante, encontrou ressonância nos ensinamentos de mestres como Jerônimo Guedes Fernandes, Joaquim Severino de Paiva de Azevedo, Luiz Capistrano de Alkimin, Plínio Motta, Padre Donato, Dr. Horácio de Oliveira e Dr. José Paulino Ribeiro Gurgulino.   (Continua)
      Naquele tempo o curso ginasial completava-se com o sexto ano que correspondia ao científico. Mário terminou com brilhantismo esta etapa que o preparou para matricular-se na Escola de Direito em Belo Horizonte.
     Completara dezessete anos, e apesar da pouca idade destacava-se dos companheiros de turma: era ótimo aluno, estudioso, aplicado e tinha pendores para a Ciências Jurídicas.
     Poucos meses faltavam para a formatura, quando a mãe adoeceu. Filho dedicado, abandonou tudo e voltou à fazenda. E tudo mudou! Trocou a mesa de estudos pela sela de um cavalo marchador; a escola que tanto o fascinava, pelas serras e prados do Sul de Minas, conduzindo tropas e boiadas.
     A 4 de outubro de 1916, casou-se com sua prima Elisa. Os filhos foram enriquecendo seu lar: Maria do Carmo, José Carlos, Paulo, Gaby Helena, Luiz Gastão e Antônio Francisco.
     Seu pai, já idoso, sentiu que seria impossível continuar administrando a Fazenda do Pinhal. Dividiu a terra entre seu três filhos, Mário, Cristiano e Custódio, e transferiu sua residência para Silvestre Ferraz. Viveria de pequenos juros pagos pelos filhos.
     Mário assumiu sua herança, uma ótima fazenda e batizou-a de Santa Helena. Sentiu que prosperaria e, então, construiu casa, casas de colonos, fez algumas plantações e cuidou de adquirir um gado de boa raça.
     Paulo morreu... Desgostoso, vendeu tudo a Cristiano e instalou-se na cidade decidindo a ser comprador de café. Passou a residir com os pais. Seria para ele apoio financeiro e lhes daria ainda a alegria de ver os netos crescerem.
     Os negócios prosperavam. Mário podia considerar-se um homen rico, até que um grande monstro levou de rodão todo seu patrimônio e até as jóias da família...
     O Ouro Verde fora transformado em vil metal. A queda da bolsa de valores (1939-1940) e a consequente baixa do café o arruinara. Nada mais havia o que fazer em Silvestre Ferraz... Veio então, com sua famíla para São Lourenço e empregou-se na firma Torquarto, Silvestrini & Irmãos que aqui inicava sua fábrica de latícinios.
     Em pouco espaço de tempo, Mário Junqueira Ferraz passou por cinco fases diferentes em sua vida: o estudante de direito, o homem responsável que constituíra família, o fazendeiro entusiasta, o comprador de café e era agora um homem que vivia de seu trabalho no dia a dia.
     D. Elisa assumiu o magistério no Grupo Escolar Melo Viana. Custódio ficou com a responsabilidade dos pais, mas Mário ia após o trabalho a pé, a Silvestre Ferraz, passar as noites com o pai enfermo.
     Mário Junqueira Ferraz era um homem elegante, de fino trato, bom humor e otimismo. Às vezes abusava de seu espírito crítico.
     Quando em 1935, o Instituto Propedêutico de Ensino Secundário, no governo do Dr. Humberto Sanches, instalou-se em São Lourenço, professores de alto gabarito se fizeram presentes no corpo docente da referida escola. Entre eles o professor Mário Junqueira Ferraz, quando o diretor era o professor Joaquim Ribeiro Franqueira.
     Querido e respeitado pelos alunos deixou recordações inesquecíveis, como acima de tudo um Educador.
     Foi um homem público, exerceu a Vereança por quatro legislaturas, onde "servir" foi o seu lema. Udenista, era pessoa de confiança de Bilac Pinto, Milton Campos, Magalhães Pinto e vários outros.
     O Instituto Propedêutico de Ensino Secundário transformou-se mais tarde em Ginásio São Lourenço, e Mário Ferraz continuou sua missão de mestre.
     A 11 de dezembro de 1964, criava-se o Ginásio Orientado para o Trabalho, pela Lei 3264 assinada pelo Governador Dr. José de Magalhães Pinto. Era secretário o Dr. Antonio Aureliano Chaves de Mendonça. A 22 de fevereiro de 1965, foi autorizado seu funcionamento, que se tornou realidade de 1º de março.
     A 22 de julho do mesmo ano, morre repentinemente o professor Mário Ferraz. Foi uma grande perda para a cidade e para a educação.
     Em 1967, o colégio São Lourenço mudou-se do velho casarão da Estação para o novo prédio do Ginásio Orientado para o trabalho, formando assim um único estabelecimento.
     O Órgão Oficial do Estado de Minas Gerais publicava: "Art. 1º - Denominar-se-á Professor Mário Junqueira Ferraz o Ginásio Orientado para o trabalho, construindo pelo plano trienal, no bairro Nossa Senhora de Fátima, na cidade de São Lourenço".

Fonte: Livro Nossa Gente, Nosso Orgulho.
Autora: Teresinha Maria Silveira Villela

 

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